terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Índios e suas características

OS INDIOS DE VALENÇA E SUAS a e CARACTERÍSTICAS  

 suas  Coroados — era a alcunha dada pelos portugueses aos índios que habitavam a região existente entre os rios Paraíba e Preto, em virtude de terem esses mesmos índios, o hábito de cortar os cabelos no alto da cabeça, à semelhança dos nossos sacerdotes, ou de conservar somente uma calote de cabelos. Esses índios eram conhecidos, também, pelo nome de “Coroados do Rio Bonito”, nome ligado ao ribeirão que banha o município de Valença; essa denominação tinha por fim evitar que se confundissem, com os Coroados de Mato Grosso, Goiás, S. Paulo e Paraná, também conhecidos, nos sertões de Curitiba, por “Dorins”. Os índios de Valença, segundo observa Saint Hilaíre, ter-se-iam originado dos índios Goítacazes que, repelidos pelos portugueses, em 1630, dos campos vizinhos da foz do rio Paraíba (Campos), se embrenhavam pelas florestas das províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. O cientista francês nos dá notícia de que os Goitacazes não poderiam ter conservado, em florestas quase impenetráveis, os costumes adquiridos em campo aberto. Renunciaram a sua basta cabeleira, e o modo por que a cortavam fazia com que os vencedores lhes dessem o nome de “Coroados”. Escreve A. Gonçalves Dias: “Entre as mais nações se distinguiam os Goitacazes, habitantes das férteis campinas de Campos, que deixavam crescer o cabelo, em sinal de liberdade, motivo por que anteriormente o cortavam a seus escravos; mas, afugentados pela força das armas para o interior de Minas, e estabelecendo-se de preferência nas terras banhadas pelos rios Pomba e Xopotó dos Índios, já não puderam conservar o mesmo distintivo que lhes embaraçava a marcha através das florestas: apararam então o cabelo em roda da cabeça, e este costume lhes valeu a designação de Coroados, com a qual é hoje conhecida aquela antiga tribo, a qual, na sua emigração, se incorporavam os “Coropós “. “Os Coroados, descendentes dos Goitacazes, combatiam também no campo; no princípio traziam o cabelo todo crescido; mas, obrigados a refugiarem-se nas matas, tiveram de o cortar para se não verem embaraçados em suas marchas, e com a perda deste costume enfraqueceu-se sem dúvida o sentimento de liberdade, que, entre eles, como entre os Francos, a cabeleira simbolizava.”                                                                                          Uma índia “Coroado”                                                       Um índio “Coroado”                                                                  (Rugendas)     “As tribus que em maior número dominavam a província do Rio de Janeiro — escreve Joaquim Norberto de Souza Silva — parecem descender dos “Goitacazes”: — já pela semelhança de linguagem — já pela igualdade nos costumes e usos. Tais são, sem dúvida, os Guarulhos, os Coropós, os Coroados e os Puris (também conhecidos pelo nome de “Purus”), que desceram dos mais remotos sertões, e vieram dos Andes. Os Goltacazes dominavam as margens do rio “Paraíba” (Gabriel Soares de Souza — Noticia do Brazil, 1a parte — cap. 47 — pág. 67). Simão de Vasconcelos, em sua “Chronica da companhia de Jesus no estado do Brazil”, liv. 1, § 49, exprime-se assim a respeito dos “Goitacazes”: — “Nação de gentio pernicioso, bárbaro e terrivel por nome Goitacá. . . Era esta sórte de gentío a mais feroz e deshumana que havia por tôda aquela costa; em corpos eram agigantados, de grandes fôrças, déxtros em arcos, inimigos de tôdas as nações e tragadores sobremaneira de carne humana, de cujos ossos faziam grandes montes em seus terreiros, e era êste o mór brazão de seus feitos heróicos as muitas ossadas dos que matavam e comiam em guerras, assombro perpétuo daquela região.” “Os “Coropós” ou “Coropoques”, que na opinião do bispo D. José Joaquim de Azeredo Coitinho foram vencidos pelos “Goitacazes”, e adotados pelos vencedores, formaram uma só nação com o título de Coroados (“Ensáio Econômico”, cap. 6, § 7, pág. 88), são ainda hoje conhecidos e distinguidos por “Coropós”, e foram aldeiados com os “Coroados”, e os “Puris” pelos “Capuchinhos Italianos”, e, no dizer de Eschwege, falavam a mesma língua.” “E’ dificil saber o que sejam Coroados — comenta Joaquim Norberto de Souza Silva — tribus assim, conhecidas nas diferentes províncias do Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Rio de Janeiro, não obstante a saliente diversidade que existe entre elas (Miliet de Saint Adolfe, Dicc. Geogr. Hist. £ Des­cript. do Imp. do Brazil). No Rio de Janeiro, o nome de Coroados foi generalizado a todos os selvagens que se distinguiam pela maneira de cortarem o cabelo ou fosse em torno e no alto da cabeça, como os “Goitacazes”, ou só no alto da cabeça, ficando os cabelos longos e corridos, espargidos pelos ombros, como os “Ararís”, os “Xumetós” e “Pitás”. “O príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied, contestando a Ayres de Casal, (Corografia Brazílica, tomo I, pág. 53) nega que os “Goitacazes” sejam os “Coroados” (Voyage au Brésil, tomo I, chap. V, pág. 197), por deixarem êstes crescer o cabelo, quando o autor de Ensaio Econômico é tão explícito a este respeito: “E suposto, ajunta o bispo que foi de Pernambuco, hajam outros muitos índios que também cortam o cabelo ao redor da cabeça, como circírio de frade, contudo os índios “Goitacazes” são hoje chamados por antonomásia os Indios Coroados (Cap. VI, § 7o , pág. 88).                                                                       Indios Puris em cerimônia de dança (des. de Debret) E continua comentando Joaquim Norberto de Souza Silva: “Os “Purís”-  diz Eschwege que - “êles exprimem nêsse nome a sua índole propensa a rixas e brigas”. — Journal Brazileiro, tomo 1, pág. 108). O autor da Notícia que se acha no “Livro 1 do. Tômbo da freguezia de S. João Baptista de Queluz” afirma que “purí ou pachí quer dizer manso,e que disso jatam” (Revista Trimensal, tomo V, pág. 69). “Os “Purís” — como diz Joaquim Norberto — foram por muito tempo senhores de vastos sertões, derramados pelas províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, em contínuas guerras com os Coroados e os Boticudos, o que tem concorrido para facilitar o seu aldeiamento. São pequenos na estatura, de côr morena e valorosos, si bem que pérfidos na guerra (Ayres do Casal — Corograjia Brazílica, tomo 1, pág. 59). Errantes, suas habitações consistem em ligeiras cobertas de folhas sustentadas por váras, onde acendem fogueiras para se resguardarem do frio; sustentam-se da pesca que lhes fornecem os rios; da caça que encontram nos bosques e de frutos silvestres, principalmente de palmeiras (J. de Laet — Novus Orbis, liv. XV, cap. 4. pág. 549).                                                                                              Um índio “Puri”                                                            Uma índia “Puri”                                                                    (Rugendas) 

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